sábado, 5 de fevereiro de 2011

Para que servem os Estudos Estratégicos?

Publicado originalmente no Inter Relações numero 12 - Dez/2003


PRA QUE SERVEM OS ESTUDOS ESTRATÉGICOS?

Resenha: PROENÇA Jr., Domício, DINIZ, Eugênio & RAZA, Salvador G. Guia de Estudos Estratégicos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1999.

As guerras são conduzidas com o amparo da estratégia, que permite aos beligerantes planeja, prever e posicionar suas forças em relação ao inimigo de forma que de acordo com os ensinamentos de Clausewitz seja possível dobra-lo à sua vontade.

Os primeiros textos científicos dedicados ao estudo da guerra e sua condução surgiram no século XIX, graças ao impacto das ciências no mundo ocidental e as guerras napoleônicas que trouxeram uma nova forma de guerra. Neste contexto surgiram as obras de Jomini e Clausewitz, fundadores do pensamento estratégico no ocidente.
A partir da Primeira Guerra Mundial, o conceito de estratégia1 expandiu-se, permeando outras áreas do conhecimento, principalmente o político. Houve a percepção de que a estratégia é a combinação de métodos e processos que servem de orientação para planos e decisões num vasto campo de idéias.

           O coronel Delano Teixeira de Menezes, afirma que “atribuir ao diplomata uma visão estratégica é hoje, praticamente, uma imposição das relações internacionais no sentido de ampliar e tornar mais elásticas as posições assumidas” (1997:21).

         Partindo desta concepção, o Guia de Estudos Estratégicos procura apresentar elementos que possibilitem a compreensão de como o Estado usa o monopólio do uso legítimo da força. De acordo com a apresentação da obra, “o Guia de Estudos de Estratégia, como o próprio título o determina, representa um trabalho de síntese e de sistematização de autores e temas sobre o assunto. Entretanto não se limita a esses aspectos: sinaliza um enorme potencial de desdobramentos teóricos na medida em que apresenta um esforço de conceituação cientifica relativo à estratégia e a guerra” (Proença Jr et al, 1999:8).

           Os autores apresentam a importância dos Estudos Estratégicos na condução de objetivos politicamente determinados, utilizando-se para isso o emprego dos meios de força do Estado. No primeiro capítulo, procura-se definir o termo Estudos Estratégicos, apresentando um histórico militar e a atividade cientifica que os envolve, além de determinar o que não são os Estudos Estratégicos.
           
            São trabalhados os conceitos de guerra terrestre, marítima e aérea, de forma que se procura demonstrar de forma resumida as idéias e principais teorias de cada modalidade. O segundo capítulo do livro aborda as teorias de Jomini e Clausewitz sobre o com bate em terra, apresentando a contraposição das idéias de ambos autores, tidos como os fundadores do pensamento estratégico no ocidente, demonstrando os pontos falhos em cada uma das teorias.

              O terceiro capítulo é dedicado a discussão da guerra no mar, apresentando os principais pontos das teorias esposadas por Mahan e Cobert, de forma que seja traçado um paralelo entre os pensadores da guerra na terra e da guerra no mar, sendo estes em certa medida os continuadores do pensamento dos teóricos anteriores, transpondo e aplicando suas teorias nas manobras marítimas.

               Relativamente à guerra no ar, é apresentado somente um expoente, Guido Douhet, oficial de artilharia e engenheiro italiano, destacando dentre os autores da primeira geração de pensadores do uso militar na aviação. Uso este que começou a ser delineado com o advento da Primeira Guerra Mundial, ocasião em que os aviões inicialmente eram usados somente como apoio ao exército e ferramenta de reconhecimento aéreo.

               O Guia traz ainda caixas de diálogo, que possibilitam o esclarecimento de alguns termos e conceitos utilizados, propiciando melhor entendimento dos textos. Desta forma os autores procuraram preencher com o Guia de Estudos Estratégicos uma lacuna existente com relação a conceitos preliminares sobre o assunto, além de trazer para a esfera civil e acadêmica, assuntos em certa medida pertencentes à esfera militar.
 

Referências Bibliográficas:
MENEZES, Delano Teixeira. O Militar e o Diplomata.Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército, 1997.
PROENÇA Jr., Domício, DINIZ, Eugênio & RAZA, Salvador G. Guia de Estudos Estratégicos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1999.

1 A etimologia da palavra Estratégia vem do grego strategós (general), ou estrategia (generalato ou aptidão do general) usada até recentemente para exprimir as concepções dos comandantes militares na condução da guerra.

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