domingo, 3 de julho de 2011

Comentários sobre o Realismo Político e as Relações Internacionais

 
           A paz de Westfália é o marco inicial da sociedade internacional moderna, estabelecendo que o poder do Papa que predominou durante toda a idade média, tinha desaparecido e que os estados soberanos passavam, a partir de então, a ser o núcleo fundamental da política emergente da sociedade internacional moderna. O Tratado da Paz de Westfália representou um ponto de interrupção no poder da Igreja típico da idade média, para o conceito de soberania dos Estados modernos.
            A política, no sentido das relações internacionais é sempre política de poder. Este poder político na esfera internacional dividi-se em 3 categorias:
  •  Poder militar,
  •  Poder econômico,
  •  Poder sobre a opinião. 
Hans Morgenthau analisa as relações políticas como relações de poder ou de interesses definidos em termos de poder.
Os idealistas pensam que se pode realizar uma ordem política, moral e racional derivada de princípios abstratos e universalmente aceitos. Confiam na educação, na reforma e ocasionalmente no uso da força para aparar arestas.
Já os defensores do realismo, ao contrário dos idealistas, vêem o mundo como o resultado de forças, que para melhorá-lo é necessário colocar-se de forma favorável a elas e não contra elas.
Para isso torna-se necessário abandonar os princípios morais do idealismo e perceber que as relações internacionais políticas são conflitos de interesses.

O realismo político possui seis princípios que são:
  • A política – toda a sociedade obedece a leis objetivas e para melhorá-la é necessário entender a leis que a governam;
  • O interesse dos estados no sistema internacional é sempre definido em termos de poder;
  • O conceito de interesse definido como poder pode ser definido como o objeto fundamental e constante ao longo da história.
  • Os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos estados;
  • Aspirações morais de uma nação não podem ser identificadas com os preceitos morais que governam o universo;
  • A esfera política não se permite ser subordinada, apesar de existir parâmetros distintos do político.
Segundo Bedin (2000) independente dos fins últimos da política internacional, o poder é sempre o objetivo imediato. Por isso a política internacional sempre será a luta constante pelo poder, que pode adquirir três formas:
  • Política de defesa do status quo: determinado país procurará manter a situação como se encontra.
  • Política de imperialismo: determinada nação orienta sua política com intenção de aumentar seu poder.
  • Política de prestigio: surge como um meio para que as políticas de status quo e de imperialismo atinjam seu fim, determinado país demonstra possuir meios de realizar ações com a intenção de ampliar seu círculo de poder.
O confronto dessas três formas de políticas culmina em um sistema de equilíbrio de poder, que de forma ampla seria a distribuição igualitária de poder.A busca de um equilíbrio de poder é na verdade uma luta pela estabilidade e pela paz nas relações internacionais.
Entretanto este sistema possui três limites: um grau de incerteza quanto ao cálculo da força de cada participante; um grau de irrealidade, pois os juízos de força e poder podem estar equivocados e um grau de insuficiência, que apesar dos cálculos estarem corretos, pode haver falhas, que só podem ser corrigidas pelo reconhecimento de valores morais.
Para que se chegue a um cenário de paz mundial, o desarmamento mundial, uma política de controle de armamentos, um sistema de segurança coletiva, a criação de uma força policial internacional e de uma junta jurídica para resolução de pendências e até mesmo um governo internacional, são instrumentos que podem contribuir para melhorar as relações internacionais.
Unir a humanidade sob uma única estrutura estatal, criar organismos para dirimir conflitos, estabelecer organismos que enfrentariam qualquer ameaça de comprometer a paz, são três funções que a criação de uma comunidade supranacional deveria cumprir para a que a garantia da paz fosse possível.



Referências Bibliográficas


O realismo político e as Relações Internacionais, in Paradigmas das Relações Internacionais.
BEDIM, Garcia Antonio, Ed. UNIJÍ, 2000