sábado, 12 de março de 2011

Um pouco sobre Auditoria Interna

 
Excerto da monografia Relaciomento Interpessoal e Auditoria Interna apresentada no curso de pós-graduação em Auditoria- Dez\2010.


As várias alterações socioeconômicas que ocorrem em velocidade cada vez maior alteram as características do mundo como conhecemos. O mundo dos negócios se torna cada dia mais competitivo e as inovações tecnológicas possuem grande contribuição nesse aspecto. Tais mudanças obrigam as empresas a se sujeitarem a novos métodos de trabalho, novos processos e metodologias, levando a uma revisão de paradigmas por parte das organizações.

                           Tantas mudanças e inovações fazem com que cada vez mais, as empresas se foquem em seus objetivos para que possam se manter competitivas no mercado que evolui diariamente. Essa necessidade de assegurar a continuidade dos negócios também se reflete na preocupação com a qualidade, produtividade e inovação resultante do conhecimento no trabalho.

                          Dessa forma, aumenta a demanda para a adoção de medidas e técnicas de acompanhamento e controle que visam minimizar falhas e evitar problemas que coloquem em risco a imagem da entidade, diante dos acionistas, dos clientes e do mercado em geral.
                           
                            Neste contexto surge a auditoria interna como atividade, de suma importância para as empresas no que compete quanto à avaliação de controles e sugestão de ações e ajustes com vistas à melhoria dos processos, contribuindo para a evolução do processo da governança corporativa.

Os trabalhos de Auditoria Interna têm por objetivo aferir a adequação da gestão dos riscos operacionais, dos controles internos e do processo de governança corporativa de forma a garantir que tais processos funcionam em conformidade com o planejamento, propondo recomendações para a melhoria dos processos em termos de eficiência, eficácia, efetividade, economia e desempenho.

A auditoria interna se constitui num conjunto de procedimentos, normatizados, atuando por meio de acompanhamento dos processos de trabalho, avaliações de resultados e proposição de ações de melhoria e corretivas para possíveis desvios da gestão, “é verdade que nem todos os dirigentes estão correctamente informados sobre tudo aquilo que a auditoria interna poderá fornecer e as observações do tipo ‘ah, não sabia que vocês podiam fazer isso!’ Não são raras (Barbier, 1992, p. 25).

Os trabalhos são executados por profissionais denominados auditores internos, que tem como característica principal o assessoramento diferenciado à alta administração da empresa, buscando agregar valor à gestão. Segundo Cook & Winkle, “a averiguação e avaliação dos sistemas de controle interno, tanto contábil como administrativo, é função da auditoria interna” (1981, p. 147).

Todos os sistemas, processos, operações e atividades da empresa estão sujeitos às avaliações dos auditores internos, de acordo com seu planejamento anual de trabalho. O planejamento da auditoria baseado num conhecimento aprofundado da empresa, do negócio e da organização e dos homens (Barbier, 1992) é o ponto de partida para a realização dos trabalhos que contemplarão testes que permitam aferir a aderência do processo avaliado, esses “testes constituem uma técnica fundamental para a auditoria de hoje, em contraposição àqueles exames pormenorizados de transações dos primórdios da profissão” (COOK & Winkle, 1981, p. 14) e serão eles que embasarão as conclusões do auditor sobre o processo avaliado.

O julgamento do auditor interno, baseado nas evidências, não deve sofrer influências de interesses particulares ou opiniões alheias. Dessa forma a independência e imparcialidade são essenciais para a auditoria, pois “aquilo que uma pessoa lhe diz terá muitas vezes de ser validado junto de uma outra, e o número de horas extras que será necessário trabalhar caso haja um fracasso: os nossos exames não merecem comentários especiais” (Barbier, 1992, p. 117). O mesmo autor (1992) afirma ainda que, é mais o espírito de conexão, o comportamento daquele a quem o serviço está ligado e a força de caráter dos auditores que irá garantir a sua independência e eficácia.

Como atividades básicas da Auditoria Interna, pode-se citar:

    - Revisão e avaliação da eficácia, suficiência e aplicação dos controles contábeis, financeiros e operacionais;
    - Determinação do grau de confiança das informações contábeis e de outras naturezas;
    - Verificação da aderência às normas internas e legislações pertinentes;
    - Avaliação da qualidade alçada na execução das tarefas determinadas para o cumprimento das respectivas responsabilidades.

Para sua atuação, o Auditor Interno necessita de tranqüilidade e de segurança, atuando com independência, amparado com os seguintes fatores:

- Liberdade para investigar, selecionarator e executar suas atividades (acesso irrestrito);
- Exercer apenas o papel de assessoramento, cabendo aos gestores a tomada das decisões administrativas;

- Atuação dedicada à atividade sem interferência nas Áreas Operacionais.


A função de auditoria interna é regulamentada por Normas Internacionais, que procuram estabelecer as características de organizações e indivíduos que realizam atividades de auditoria, bem como descrever a natureza das atividades da auditoria interna e critérios de qualidade para avaliação do desempenho dos serviços. Emitidas pelo The Institute of Internal Auditors – IIA, as normas para a atividade concentram:

1 - Código de ética;
2 - Normas de Atributos;
3 - Normas de Desempenho.

Além das questões técnicas e comportamentais, requer também que respeite a hierarquia existente, sigilo, observar usos e costumes geralmente aceitos, bem como porta-se de acordo com sua função e posiçãoÉ importante ressaltar que todas essas normas de conduta, por melhor que sejam aplicadas, se não forem compreendidas pela outra parte do processo de comunicação não valem de nada, pois pode ocorrer uma interpretação equivocada do real sentido, aumentando as distâncias entre auditor e auditado.

O processo de auditoria, é também uma atividade que envolve o interrelacionamento entre as pessoas, que pode ser considerado como o fator determinante para o sucesso ou fracasso de um trabalho de auditoria. Faz-se necessário estabelecer relacionamentos, de forma que haja reciprocidade, para que os envolvidos vislumbrem vantagens e não se sintam perdendo em detrimento do auditor.

A convergência de interesses evita o surgimento ou propicia a resolução de conflitos, pois “os conflitos existem justamente porque somos pessoas que existem em relação com outras pessoas, e é por meio dessas relações que viabilizamos a nossa existência e promovemos a nossa co-evolução” (Rechtman e Bulhões, 2004, p. 21).

Os seres humanos interagem com o mundo por meio de seus sentidos (visão, olfato, audição, paladar e tato) e “tendem a acreditar que sua percepção do ambiente corresponde à realidade objetiva” (Carvalhal e outros, 2006, p. 65). Corroborando essa afirmação, King diz “que os primeiros cinco minutos de qualquer relação são extremamente importantes e cruciais” (1987, p. 7).

Nestes primeiros cinco minutos, os indivíduos trazem uma grande bagagem cultural, social, psicológica e profissional (King, 1987) que entra em ação para promover o julgamento da realidade, sendo que a linguagem verbal, linguagem não-verbal, preparação, habilidade para ouvir, carisma, percepção, controle emocional e controle físico são elementos essenciais dessa bagagem.

É a combinação desses elementos que faz com que a outra pessoa se interesse e passe a respeitar seu interlocutor, “o fato é que avaliamos as coisas e as pessoas indiretamente, na maior parte dos casos, levando em consideração os sinais indiretos que denotem sua verdadeira qualidade (ou falta dela)” (Marinho, 2005, p. 34). O primeiro impacto de um contato é que produzirá uma impressão positiva ou negativa relativa à pessoa, embora essa impressão possa ser alterada no decorrer do tempo, ela tem relevância na formação da opinião e sentimentos sobre a outra parte.

Uma comunicação aberta e um relacionamento franco são fatores propícios que permitem à outra parte adquirir respeito, confiança e credibilidade no interlocutor. Afirma Barbier que é “necessário realizar reuniões abertas sem que muitas pessoas invadam o escritório do interlocutor, criar um ambiente propício ao diálogo, não confundir uma auditoria com uma audição conduzida por um juiz de instrução de um inquérito, aceitar as digressões, solicitar opiniões, falar das mil e uma coisas que dão vida à empresa” (1992, p. 122). Cabe pois ao auditor desenvolver habilidades que permitam uma comunicação clara e sem interferências com o objetivo de alcançar seus propósitos na realização do trabalho.

É fato que ninguém gosta de ser fiscalizado, ainda mais quando as atitudes do fiscal não contribuem para que o processo seja conduzido sem traumas e percalços. O auditor precisa estar sempre certo de que é compreendido, evitando usar expressões ambíguas ou vagas, pois segundo Goleman, “os otimistas vêem um fracasso como devido a algo que pode ser mudado, para que possam vencer da próxima vez, enquanto os pessimistas assumem a culpa pelo fracasso, atribuindo-o a alguma imutável característica pessoal” (1995, p. 101).

O clímax da relação auditor x auditado, encontra-se no relacionamento que estabelecem durante a realização dos trabalhos, pois segundo Pease (2006) sentir-se importante é uma necessidade humana que se apresenta com mais intensidade do que as necessidades fisiologicas, tais como alimentar-se, uma vez que após comer, deixa-se de sentir forme. Ser valorizado é mais forte do que receber amor ou sentir-se seguro, pois uma vez satisfeitas essas necessidades, elas deixam de ser problemas.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBIER, Etienne. Auditoria Interna, Como? Porque? Mem Martins, Portugal: Edições CETOP, 1992.
COOK, Jonh W. & WINKLE, Gary M. Auditoria: Filosofia e Técnica. São Paulo: Saraiva, 1981.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil Teoria e Prática. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002.
FISHER, Roger, et al. Como Chegar ao Sim, a negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro: Imago, 2005.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional – A Teoria Revolucionaria que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
KING, Norman. Os primeiros 5 Minutos. São Paulo: Nobel, 1991.
LIEBERMAN, PH.D. David J. Como Mudar Qualquer Pessoa. São Paulo: Novo Século, 2008.
PEASE, Alan & Barbara. Como conquistar as pessoas. Rio de Janeiro: Sextante, 2006.
SÁ, A.Lopes de. Curso de auditoria. S.Paulo: Atlas, 1980.
SANTI, Paulo Adolpho. Introdução à auditoria. São Paulo: Atlas, 1988.
THOMAS, David C. & INKSON, Kerr. Inteligência Cultural, instrumentos para negócios globais. Rio de Janeiro: Record, 2006.


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