quinta-feira, 12 de maio de 2011

Resenha: O coração das Trevas

                   Conrad, Joseph. O Coração das Trevas. Cia das Letras, 2008.

                    A experiência do autor no interior do continente africano, onde presenciou as mais diversas atrocidades que o “homem branco” poderia infligir a outros povos, tornou-se fator fundamental para descrever em seu livro todos os elementos característicos do imperialismo. O capitão Marlow descreve a Companhia como “a maior coisa da cidade, e todos os que eu encontrava pelo caminho se orgulhavam dela. Iam operar um império no além-mar e ganhar uma profusão de dinheiro com o comércio”.

                   Representando essa Companhia no interior da África temos Kurtz, o personagem com enorme potencial, perdido no coração do continente, que o capitão Marlow é encarregado de resgatar em um vapor caindo aos pedaços.

                 Até chegar ao seu destino o capitão Marlow nos narra alguns elementos que denotam a presença do Estado dando suporte e proteção nesta exploração. Podemos perceber isso na citação sobre o ataque de um vaso de guerra contra a costa inteiramente vazia e na figura do construtor de tijolos enviado para a colônia há um ano e que não produz nada. A única preocupação dos “colonizadores” consiste em impor sua cultura aos nativos e apoderar-se de tudo o que possa representar valor monetário.

                Neste ponto surge Kurtz, fruto de praticamente toda a Europa, uma vez que era alemão, filho de pai inglês e mãe francesa, educado em parte na Inglaterra, como o disseminador da cultura ocidental em pleno continente “selvagem”. Porém enlouquecido pelo poder, torna-se um mero predador, tido como uma divindade, se faz adorar pelos nativos e incentiva-os a atacar outras tribos para aquisição de marfim.

                Os belos ideais de civilização serviam somente para mascarar os objetivos centrais do imperialismo, ou seja, dominação, aplicação do capital excedente e imposição da cultura européia aos povos “selvagens”.

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